Mercurius Delirans #08 – Um breve guia à Casa de Folhas
Talvez “guia” seja demais, mas assim, pelo menos, dá pra chegar ao hall de entrada
Uns meses atrás, no começo deste ano, a Darkside anunciou a publicação da versão para o português de House of Leaves, romance publicado em 2000 por Mark Z. Danielewski e fenômeno literário, com um imenso cult following. Recentemente o pessoal que comprou na pré-venda já começou a receber seus exemplares, e tem sido divertido observar a reação das pessoas nas redes sociais1, porque o tradutor deste calhamaço foi ninguém menos que este que vos fala.
Acho que é a primeira vez que eu traduzo um livro que tem esse nível de atenção... e, para ser bem sincero, é meio assustador — total experiência de bunda na janela. Não que eu não tenha traduzido livros com grande circulação antes, mas cult following, fandom, essas coisas são um negócio complicado, porque há um forte vínculo emocional aí. Muitas pessoas já leram em inglês e querem saber como que eu resolvi as tretas desse livro, muita gente demonstrou espanto ou desconfiança em relação à mera possibilidade de traduzi-lo e muita gente simplesmente não sabe o que esperar. Tradutor é meio que nem ninja, né, geralmente só reparam na nossa presença quando a gente faz merda. E às vezes “merda” aqui significa apenas uma decisão da qual o leitor discorda. Podemos ter bons motivos para tomar uma certa decisão tradutória, mas se as pessoas já se sentem capacitadas para dar opinião sobre áreas muito mais técnicas, como medicina, por aí você calcula como é então na área de linguagem e literatura. Mas não pretendo usar este espaço aqui para ser amargo. Em vez disso, acho que pode ser interessante aproveitar o hype para falar um pouco do livro para quem tem curiosidade. Pensei em usar um formato de F.A.Q., que assim fica mais fácil para quem está no grupo dos que não sabem o que esperar desse livro. E é um grupo grande. O que eu mais vejo é o pessoal nas redes perguntando se não vai sair no Kindle... e, bem, por mais que essa seja uma dúvida honesta (sou um ávido comprador de ebooks pelo fator preço) eu queria pelo menos deixar claro o porquê de isso ser uma completa impossibilidade.
Da minha perspectiva, tudo começou quando o meu caro amigo Lielson Zeni entrou em contato comigo em abril de 2021, no rastro do nosso trabalho com o imenso Dicionário dos Demônios, também publicado pela Darkside. Óbvio que eu topei na hora. Não é sempre que se tem a chance de encarar um desafio desses. Demorou um pouquinho para eu começar a trabalhar nele, porque ainda tinha várias legiões de demônios para dar conta primeiro, mas sei que eu mandei um primeiríssimo esboço da introdução e primeiro capítulo no começo de agosto daquele ano. O índice onomástico, a última parte do livro, foi enviado em março de 22. Então, ao todo, foram uns bons 8 meses de trabalho, o que é coerente para um livro de 709 páginas e difícil pra cacete.
Além do Lielson, eu depois trabalhei com o Paulo Raviere como editor, um sujeito muito gente boa e que também é tradutor e romancista (seu romance de estreia, Todos se Lavam no Sangue do Sol, também saiu pela Darkside). A preparação foi feita pelo Alexandre Barbosa, outro tradutor bastante experiente, com um currículo invejável, e a revisão foi obra do José Francisco Botelho, mais um nome de peso, tradutor de nada menos do que os Contos da Cantuária, de Chaucer (!), um poema imenso em inglês medieval. Por fim, o trabalho heroico da diagramação foi obra da Lilian Mitsunaga, que tem até artigo na Wikipédia. Mesmo que vocês não botem fé em mim, tipo, olha o nível da equipe que trabalhou comigo, sabe?
As pessoas às vezes acham que a tradução é um trabalho autoritário, em que a voz do tradutor é a voz de Deus e ele toma as decisões todas sozinho. Nem tudo que o tradutor põe no arquivo é necessariamente o que vai sair na versão final, não é nada entalhado em pedra. Tem profissionais que vão ler depois o que a gente faz, corrigir nossos erros (e acontece, ninguém é infalível), ver o que a gente deixou passar, etc., e por mais que às vezes o tradutor tenha algum poder de barganha, ele não tem a palavra final. Dói um pouco no ego nas primeiras vezes que um revisor ou preparador corrige o manuscrito ou altera alguma solução em que a gente tinha se apegado, mas faz parte do processo. E eu não digo isso para me eximir de qualquer comida de bola que eu possa ter cometido, mas justamente para enfatizar o quanto uma boa equipe é crucial para um trabalho de qualidade, e a equipe que me acompanhou aqui, como vocês podem ver, é excelente, um pessoal com muito talento e experiência. Passou-se mais de um ano entre eu entregar os arquivos e o livro voltar para mim como um boneco diagramado para dar aquelas últimas revisadas, por isso vocês podem ter certeza de que foi um trabalho bastante minucioso.
Sem mais delongas, então, vamos às perguntas.
Qual é a de Casa de Folhas?
Casa de Folhas é um romance com camadas. A narrativa principal gira em torno de um fotógrafo, chamado Will Navidson, que se muda com sua esposa, a modelo Karen Green, e seus dois filhos para uma casa estranha no estado da Virgínia. Após toda uma carreira como fotógrafo de guerra e muitas turbulências no casamento, Navidson quer sentar e sossegar o facho com sua família, porém ele logo descobre que essa casa tem propriedades estranhas, que violam as leis da física — começando primeiro com uma leve discrepância entre o espaço interno e o espaço externo, depois tudo vai ladeira abaixo. A questão é que a narrativa aqui não é direta, acompanhando a experiência de Navidson conforme ele explora a casa. Não é Navidson quem narra em primeira pessoa, nem um narrador onisciente focado nele. Em vez disso, Danielewski nos oferece algo mais refratado.
Navidson, com toda sua expertise nessa longa carreira, concebe um filme documentando a sua experiência, chamado O Registro Navidson, o que a princípio era para ser um documentário sobre sua vidinha cotidiana, mas logo vira um filme de terror estilo found footage. Esse filme, por sua vez, é comentado por um velho excêntrico que atende pelo nome de Zampanò, numa longa dissertação com ares acadêmicos, repleta de citações. Esse texto, então, é encontrado pelo jovem Johnny Truant, um aprendiz de tatuador de L.A. e malandro no geral, que fica obcecado pela obra. O livro que temos em mãos, portanto, é a apresentação do livro do Zampanò tratando do filme do Navidson sobre a sua casa, com as notas e comentários do Johnny (e, de vez em quando, dos editores também).
Eu falei que tinha camadas.
A grande pegadinha (e isso não é nenhum spoiler, porque o Johnny já comenta logo na introdução) é que Zampanò era cego, o que dificulta um bocado para assistir a um filme (ainda mais numa época anterior à disseminação de métodos de descrição de vídeo) e, por mais que Johnny procure, não há nenhuma indicação de que esse filme do Navidson sequer exista — o que é especialmente esquisito, porque o livro de Zampanò cita inúmeras obras que comentam o filme. Quando se soma isso ao fato de que Zampanò morre em condições misteriosas (e Johnny só “herda” esse material justamente porque Zampanò morreu e deixou tudo ali junto com um monte de tralha no seu apartamento caótico) e que a saúde mental do próprio Johnny vai se deteriorando rapidamente quanto mais obcecado ele fica pela obra, acaba que nós temos em mão um material bastante perturbador.
É um livro de terror?
Não acho que dê para resumir o gênero de Casa de Folhas num rótulo só. Oficialmente, dá para chamar de um livro de terror, sim. De fato, tem vários momentos bastante tensos e eu tenho acompanhado os relatos de leitores contando o cagaço que esse livro deu neles. Mas eu diria que é um terror meio estilo Hereditário, um filme que é 20% AI MEU DEUS, DEMÔNIO, e 80% drama familiar. O que assusta, na minha humilde opinião, não é tanto a casa de Navidson em si, por mais pavoroso que possa ser o conceito de você ter um labirinto escuro e potencialmente infinito atrás de uma porta na sua sala de estar, mas todo o modo como essas camadas se relacionam e levam o Johnny à loucura. Sem querer dar spoilers, mas tem algo de metafórico nisso, que se relaciona com questões ligadas à memória e esquecimento, linguagem e escrita, realidade e ficção (e dá-lhe ficção aí, considerando que o filme de Navidson não existe e Johnny é um narrador nada confiável). No meio disso tudo, Johnny insere suas contribuições na forma de relatos, que começam, muitas vezes, com uma busca por alguém ligado a Zampanò e culminam em cenas detalhadas de sexo e uso de drogas ou então remetem a lembranças traumáticas de sua infância horrorosa. Tem muitos surtos dele também, momentos em que a linguagem fica ainda mais caótica ou beira um nonsense que, na verdade, não é nonsense coisa alguma.
E, temperando essa mistura, temos o senso de humor peculiar do Danielewski. Esse filho da puta (com todo respeito) sabe o que o leitor quer… e está empenhado a negar isso. Ah, então você quer explorar o corredor misterioso? Pois tome várias páginas sobre a mitologia e a física do eco, em vez disso. Eu pessoalmente aprecio demais esse tipo de filhadaputice. Sou um grande admirador de autores que sacaneiam o leitor.
Para quem tem alguma conexão com a vida acadêmica, o pastiche desse tipo de discurso na voz de Zampanò é absolutamente hilário, incluindo as picuinhas idiotas entre as fontes que ele cita, mas entendo que alguns leitores possam não ter paciência para isso. O que eu posso dizer é que essas enrolações são uma técnica para controlar o ritmo, e a ansiedade faz parte do processo. Tem um capítulo inteiro de impressões, em que a Karen mostra uma gravação da casa para personalidades variadas, incluindo Camille Paglia, Harold Bloom, Stephen King, Stanley Kubrick e Jacques Derrida, a fim de coletar o que cada uma dessas figuras pensa disso. Para quem não conhece ou não liga para esses nomes, o trecho deve ser um tédio, mas quem sabe vagamente quem são vai dar umas boas risadas. No mais, dá-lhe listas e mais listas, menções a clássicos literários, da Bíblia e do Épico de Gilgamesh a Milton e Borges, citações de Derrida e Heidegger no original (que deixam Johnny possesso de raiva), etc. Eu entendo o leitor que possa não ter paciência para isso, mas não vejo como algo gratuito. Faz parte do projeto.
Agora, o melhor é que, se perguntarem para o próprio Danielewski, ele mesmo disse que é uma história de amor, no fim das contas. E, depois de ler tudo, eu acho que faz sentido também.
Como que o autor estrutura isso?
O recurso que Danielewski utiliza para diferenciar os dois narradores é simples, porém eficaz: o corpo principal do texto está na voz de Zampanò e utiliza a fonte Times New Roman basicona mesmo, formatado bonitinho com os parágrafos justificados, citações e tudo o mais. Sua linguagem é formal, mas não é necessariamente um texto bem escrito. Zampanò não é alguém que escreve bem, mas sabe emular um discurso acadêmico do tipo mais prolixo e pretensioso. Já a presença de Johnny evoca uma máquina de escrever, pois sua fonte é Courier New. O jeitão dele também é mais sujeira, ele usa um registro mais oralizado, menos erudito, e quando o livro começa ele já está completamente fodido da cabeça.
Após uma introdução inteira na voz de Johnny, o primeiro capítulo nos dá então o texto de Zampanò com as notas de rodapé servindo para quebrar a linearidade da leitura. O que eu acho interessante observar é que o Danielewski é, sim, muito sacana às vezes, mas ele pega leve e sabe dosar bem as esquisitices. Tipo, o primeiro capítulo é realmente como a primeira fase de um jogo de videogame, serve para você entender o funcionamento da coisa, sem oferecer muitos desafios. Conforme o livro avança, no entanto, ele pressupõe que você entendeu isso e começa a botar as garrinhas de fora. Assim a gente logo acaba tendo longas notas de rodapé que não apenas ocupam a maior parte da folha onde aparecem como também se estendem por mais páginas e páginas. E isso é só o começo.
Qual é a da diagramação de Casa de Folhas?
Além dos recursos tipográficos diferentes para indicar os diferentes narradores, ele tem ainda um uso peculiar da diagramação. Podia já ser um livro interessante se ficasse apenas no mecanismo de um miolo comentado por outra pessoa, mas as brincadeiras com a diagramação levam a coisa a um passo além.
Um recurso clássico da prosa modernista é adequar a forma da narrativa ao que está sendo narrado. Pense, por exemplo, nos modos de representar uma cena de ação. Ela pode ser, por exemplo, narrada friamente por um narrador em primeira pessoa que passou por aquilo e agora reconta a história com um certo distanciamento (pense no Gulliver de Swift narrando seus naufrágios) ou um narrador onisciente que não está envolvido no que está acontecendo, mas para um prosador modernista é mais interessante quebrar essa barreira que separa o narrador da cena e assim oferecer uma narrativa que pode também ser confusa e caótica, de modo que o texto vai refletir o estado de espírito dos envolvidos ali. Esse é meio que o mecanismo básico de Ulysses, de James Joyce. Quando os personagens estão com sono, o texto fica com sono, por exemplo, quando eles estão com fome, o texto fica com fome, quando estão num bar com música, o texto fica musical. Falo em Joyce, porque ele é o exemplo mais prototípico, mas outros modernistas vão fazer coisas muito parecidas, como Faulkner ou Virginia Woolf. Danielewski leva essa filosofia para a diagramação, e é fácil observar como esses recursos refletem os acontecimentos sendo narrados.
Há momentos de predomínio de espaço em branco, e o texto parece um pouco um poema concreto nessas horas, e há momentos em que a diagramação tenta bombardear o leitor com um excesso de informação e desorientá-lo, incluindo não apenas o corpo do texto e o rodapé, mas colunas adicionais e boxes variados — e aí pensando no que está acontecendo a nível de enredo, dá para somar 2+2 e entender o porquê desse recurso. Outro caso fácil de entender é quando temos um capítulo que tematiza a ideia dos dois irmãos (Will Navidson tem um irmão chamado Tom), que vai não apenas trazer à tona a história bíblica de Esaú e Jacó, no nível do significado, como também vai visualmente dividir o texto em duas colunas gêmeas.
E aí vocês conseguem entender por que é que simplesmente não tem como esse livro ser formatado para o Kindle. Você até vai achar uns epubs para baixar por aí, mas vai ficar mais louco que o Johnny se tentar ler a maçaroca de texto que sai dessa tentativa de achatar tudo isso num arquivo simplificado. E é também o tipo de coisa faz a gente admirar demais o trabalho da Lilian aqui.
De novo, para alguém que olha de fora (e talvez seja uma coisa minha de eu sempre pensar na figura hipotética do leitor de má vontade), pode ser que essa pirotecnia pareça gratuita e talvez às vezes ele exagere um pouco, sim. Mas eu acho que, mesmo no meio da pirotecnia, Danielewski nunca perde de vista o cerne humano da coisa toda, as histórias de dor e perda que o livro se propõe a narrar e que facilmente poderiam se dissolver nesse vórtice. No fim das contas, tem um fio narrativo bem tradicional e comovente até, por trás da bandalheira toda, e é por isso que eu argumentaria, inclusive, que se trata mais de um romance modernista tardio do que pós-moderno propriamente… o que é um assunto para um outro momento, talvez.
Quais foram os desafios para traduzir?
MUITOS. Primeiro eu tive que acertar o tom dos dois principais narradores. E aí tem um milhão de jogos de palavras (um bem cabeludo já na primeiríssima página), poeminhas, trechos complicados em fluxo de consciência e coisas do tipo. No geral, eu mandei um .doc para cada capítulo para não gerar muita confusão, todos repletos de comentários, e teve um capítulo que eu tive que dividir em três, porque uma das partes dele era um caos completo (quem leu vai imaginar qual foi).
Um caso que me marcou foi quando o Zampanò cita um crítico literário (John Hollander, autor de Rhyme’s Reason) que comenta um poema de Wordsworth com um erro de transcrição. Pior que o crítico existe, o livro existe e esse erro está lá de fato, mas Zampanò comenta as nuances de sentido que esse erro tipográfico introduz. E aí lá vou eu traduzir esse trecho não apenas com metro e rima, mas também com um erro tipográfico que pareça verossímil e faça sentido dentro do comentário. Tem também algumas frases que são acrósticos, em que a primeira letra de cada palavra ali forma uma outra frase e aí você tem que tentar escrever algo que faça sentido em português enquanto oculta essa outra mensagem. Nos Apêndices, tem toda uma carta que o Johnny recebe que opera com base nesse mecanismo, e aí deu trabalho, viu.
Tem filme de Casa de Folhas?
Não, e acho difícil alguém conseguir adaptar isso de um jeito que funcione. Mas existe famosamente um mapa do jogo Doom II, chamado Myhouse.wad, que eu acho que é mais perto que dá para chegar disso. Ele não é uma adaptação direta, mas se inspira no livro de um modo profundamente assombroso. Eu tenho muitas questões quanto ao debate do jogo como forma de arte e todo o problema da narrativa interativa, mas não tem outra palavra para descrever o que esse maluco fez.
E o que mais é bom saber?
Acho que com o que eu expliquei aqui, qualquer um já está apto a encarar o Casa de Folhas ou, pelo menos, ter uma ideia de se isso é ou não a sua praia antes de comprar o livro. É uma obra que divide opiniões e dá para ver bem o porquê, por isso eu sou a favor de evitar a frustração decorrente de expectativas mal gerenciadas. Como eu disse, a meu ver, a principal questão que se deve manter em mente aqui é que se trata de uma obra de fato labiríntica, que não quer que você chegue ao seu cerne. Algumas pessoas ficam obcecadas com os seus segredos, seus códigos e coisas assim, mas eu sou da opinião de que esses recursos são também mais uma forma que o livro encontra para despistar os leitores — é a armadilha na qual o próprio Johnny cai — e que o cerne do livro está naquilo que eu comentei anteriormente que é essa questão humana.
No mais, logo no começo Zampanò dá a letra:
Quem quer que encontre e publique esta obra adquirirá todos os seus direitos. Peço apenas que o meu nome esteja em seu devido lugar. Talvez você possa até mesmo prosperar. Se, porém, descobrir que os seus leitores são menos compreensivos e então optar por descartar toda essa empreitada logo de cara, nesse caso posso sugerir que beba bastante vinho e dance pelas ruas na sua noite de núpcias, pois você já é próspero de verdade agora, quer o saiba ou não. Dizem que a verdade resiste ao teste do tempo. Não consigo pensar em conforto algum maior do que saber que este documento reprovou nesse teste.
Menos interessante tem sido acompanhar as avaliações da Amazon, em que as pessoas dão uma estrela porque o livro chegou amassado. Mas isso é a média das avaliações da Amazon, né, besta sou eu de esperar outra coisa.